Oitiva do ex-presidente à Polícia Federal durou mais de duas horas e tratou de dois inquéritos
Em
depoimento à PF (Polícia Federal) nesta sexta-feira (29), o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou ter usado qualquer
artifício legal para enviar dinheiro a Tomás Dutra, que reconheceu como
filho com a jornalista Mirian Dutra e mora no exterior.
Em
entrevista à Folha de S.Paulo em fevereiro, Mirian disse que recebeu
por anos dinheiro de FHC por meio de um contrato fictício com a Brasif
Exportação e Importação.
Durante
o governo de Fernando Henrique (1995-2002), a empresa explorou os free
shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros. Em
depoimento à PF no início de abril, porém, ela não confirmou a acusação.
"Fernando
Henrique nunca remeteu dinheiro a Mirian, mas sim ao Tomás, a quem
sempre tratou como filho", afirmou seu advogado, Sérgio Bermudes.
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Ele enviava dinheiro de forma legal e declarada. Há muito tempo,
Fernando Henrique tem dinheiro no exterior, devidamente declarado, e não
precisaria de meios escusos para encaminhar valores a Tomás.
Bermudes confirmou que o ex-presidente comprou um apartamento para Tomás em Barcelona.
Inquéritos
O
depoimento de FHC à Polícia Federal, em São Paulo, durou duas horas e
dez minutos e tratou de dois inquéritos. Um deles investiga a suposta
remessa de dinheiro para Mirian, com quem ele manteve um relacionamento
extraconjugal por seis anos durante as décadas de 1980 e 1990. Desde
1992, a jornalista mora na Europa. A outra investigação aborda a suposta
propriedade de imóveis no exterior, que não teriam sido declarados por
Fernando Henrique à Receita Federal.