sábado, 30 de abril de 2016

À PF, FHC nega envio de dinheiro ilegal para ex-amante



Oitiva do ex-presidente à Polícia Federal durou mais de duas horas e tratou de dois inquéritos

Em depoimento à PF (Polícia Federal) nesta sexta-feira (29), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso negou ter usado qualquer artifício legal para enviar dinheiro a Tomás Dutra, que reconheceu como filho com a jornalista Mirian Dutra e mora no exterior.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em fevereiro, Mirian disse que recebeu por anos dinheiro de FHC por meio de um contrato fictício com a Brasif Exportação e Importação.
Durante o governo de Fernando Henrique (1995-2002), a empresa explorou os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros. Em depoimento à PF no início de abril, porém, ela não confirmou a acusação.
"Fernando Henrique nunca remeteu dinheiro a Mirian, mas sim ao Tomás, a quem sempre tratou como filho", afirmou seu advogado, Sérgio Bermudes.
— Ele enviava dinheiro de forma legal e declarada. Há muito tempo, Fernando Henrique tem dinheiro no exterior, devidamente declarado, e não precisaria de meios escusos para encaminhar valores a Tomás.
Bermudes confirmou que o ex-presidente comprou um apartamento para Tomás em Barcelona.
Inquéritos
O depoimento de FHC à Polícia Federal, em São Paulo, durou duas horas e dez minutos e tratou de dois inquéritos. Um deles investiga a suposta remessa de dinheiro para Mirian, com quem ele manteve um relacionamento extraconjugal por seis anos durante as décadas de 1980 e 1990. Desde 1992, a jornalista mora na Europa. A outra investigação aborda a suposta propriedade de imóveis no exterior, que não teriam sido declarados por Fernando Henrique à Receita Federal.