Munido de habeas corpus, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto não
prestou juramento prometendo falar a verdade e anunciou que permanecerá
em silêncio durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) dos Fundos de Pensão da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira
(3). "Agradeço a disponibilidade do tempo, mas exercerei o direito de
ficar calado", afirmou o ex-tesoureiro do PT aos membros da comissão, no
início da sessão, sendo vaiado por beneficiários de fundos de pensão
que estão presentes à reunião da CPI. O presidente dado colegiado,
deputado Efraim Filho (DEM-PB), também protestou. "Se não quiser falar, o
senhor vai ouvir. Seu silêncio será ensurdecedor para muitos dos
beneficiários que aqui estão", afirmou o parlamentar. "Poderá ser
presunção de culpa diante das graves acusações que o relatório final
trará", emendou. Nesta terça-feira, o advogado de Vaccari, Luiz Flávio
D'Urso, pediu a dispensa de seu cliente, para evitar os gastos com a
vinda dele de Curitiba, onde está preso pelo seu envolvimento na
Operação Lava Jato, para Brasília. O presidente da CPI, contudo, negou o
pedido. "Ficaríamos extremamente prejudicados se sua presença não
ocorresse. Não é de bom senso um relatório de CPI indiciar uma pessoa
sem dar a ela o direito de defesa", justificou Efraim Filho. "Nunca vi
aqui ninguém que veio para CPI e ficou calado ser inocente. Quem veio
para ficar calado é porque tinha culpa", acrescentou. A autorização para
que Vaccari fosse trazido a Brasília foi dada pelo juiz Sérgio Moro,
que conduz os julgamentos dos envolvidos da Operação Lava Jato na
primeira instância. Na CPI dos Fundos de Pensão, Vaccari foi convocado
após seu nome aparecer em depoimentos de pessoas envolvidas em suposta
manipulação na gestão dessas instituições. O doleiro Alberto Youssef,
por exemplo, disse ter ouvido falar que o ex-tesoureiro era um dos
operadores de alguns fundos de pensão, como Petros (Petrobras) e Funcef
(Caixa Econômica Federal). De acordo com Efraim Filho, a CPI investiga
Vaccari teria exercido tráfico de influência junto a fundos de pensão
para desviar recursos e atender a interesses políticos e partidários.