Do UOL
Horas após a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), na manhã de
quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff começou a conversar com
parlamentares para tratar do processo de substituição da liderança do
governo no Senado. Apesar das intensas conversas entre integrantes do
Planalto e senadores aliados, até agora não há um nome fechado, embora o
governo tenha anunciado, no mesmo dia da detenção de Delcídio, que na
semana que vem divulgará a escolha de seu novo líder.
Segunda maior bancada do Senado, o PT tenta manter um integrante do
partido na liderança. Um dos nomes cotados é o do atual líder do governo
no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). Mas ele, embora
experimentado regimentalista, não tem trânsito com a cúpula do PMDB no
Senado, o maior partido e que comanda a Casa com Renan Calheiros (AL).
Os peemedebistas prefeririam que - mantido o PT na liderança - Walter
Pinheiro (BA) ocupasse a função. O senador baiano é bem visto por seus
pares do PMDB e também por parte da oposição pelo empenho com que trata
os assuntos que lhe cabem. É um dos principais entusiastas da reforma do
ICMS e atualmente preside a Comissão do Pacto Federativo do Senado.
Pesa desfavoravelmente o fato de Pinheiro ter hoje uma atuação
independente da orientação da bancada do partido. Um dos exemplos: ele e
o colega Paulo Paim (PT-RS) ignoraram a orientação da bancada e votaram
para manter Delcídio preso - e também não ter proximidade com o Palácio
do Planalto.
O PMDB, que já desempenhou a função durante o primeiro mandato de
Dilma - com Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM), atual ministro de
Minas e Energia -, não tem se movimentado para voltar a ocupar o cargo.
Na saída de Braga da liderança do governo, o atual líder do partido,
Eunício Oliveira (CE), declinou o convite feito pela presidente para o
posto. De todo modo, há quem no partido defenda o recém-filiado Blairo
Maggi (MT). O senador e grande empresário do setor agropecuário tem
trânsito na base aliada e também na oposição.
Outro nome ventilado até o momento foi o de Wellington Fagundes,
atual líder do PR na Casa e um dos quatro vice-líderes do governo no
Senado. Contra ele pesa o fato de ser desconhecido pela cúpula da Casa -
mesmo tendo sido deputado federal desde 1991, ele chegou ao Senado só
este ano.
Um senador com quem Dilma conversou sobre a liderança defendeu
cautela na decisão do governo sobre a escolha do novo líder. Ele lembrou
que, entre a saída de Braga e a chegada de Delcídio, o cargo ficou
cinco meses vago. "Não tem porque apressar", considerou ele, ao destacar
que a base no Senado - a despeito da prisão do Delcídio e da existência
ou não de liderança - tem aprovado a maioria das propostas encaminhadas
pelo governo.