O comando do PT deverá expulsar o senador Delcídio do
Amaral, líder do governo no Senado e preso na quarta-feira, do partido,
diz reportagem do jornal Folha de S.Paulo. No mesmo dia em que a
Polícia Federal prendeu Delcídio por obstruir as investigações da
Operação Lava Jato, o PT soltou uma nota oficial, assinada pelo
presidente Rui Falcão, alegando que o partido "não se julga obrigado a
qualquer ato de solidariedade", que as tratativas atribuídas ao político
não têm relação com sua atividade partidária e que a Comissão Executiva
Nacional deverá se reunir para adotar medidas em breve.
Segundo a Folha, a divulgação da nota abriu um racha entre o comando
do partido e sua bancada no Congresso, que reclama de não ter sido
previamente consultada sobre seu teor. O ex-presidente Lula não se
pronunciou sobre a prisão oficialmente, mas participantes de almoço na
sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, alegaram
que Lula estava perplexo com a "burrada" de um homem tão sofisticado. Há
dois ritos em análise: o afastamento sumário ou a expulsão apenas após
toda a tramitação de um processo no conselho de ética.
As prisões
Hoje, o advogado Edson Ribeiro, que defendia o ex-diretor da
Petrobras Nestor Cerveró, foi preso ao desembarcar no aeroporto Galeão,
no Rio de Janeiro. Ele havia sido incluído na lista de procurados da
Interpol porque estava nos Estados Unidos quando sua prisão foi ordenada
no Brasil. O presidente do BTG Pactual, André Esteves, também foi preso
nas investigações da Lava Jato. O trio Delcídio, Esteves e Ribeiro
articulou para que Cerveró, que está preso, ocultasse o nome do senador
em suas delações. Um áudio enviado pelo filho do ex-diretor, Bernardo
Cerveró, foi enviado ao Ministério Público Federal comprovando as
conversas. Em retribuição, Delcídio pagaria um "mensalinho" de R$ 50 mil
a Cerveró.
A Procuradoria Geral da República (PGR) afirma que os R$ 50 mil
seriam repassados à família do ex-diretor mediante um "acordo
dissimulado" entre Edson e André Esteves. Parte dos valores prometidos a
Cerveró, segundo a PGR, seria repassada a partir de honorários
advocatícios pagos por André Esteves, ao advogado Edson Ribeiro.
Delcídio teria, ainda, prometido a Ribeiro mais R$ 4 milhões em
honorários.
Delcídio já havia sido citado na delação do lobista Fernando Baiano.
Segundo Baiano, o senador recebera US$ 1,5 milhão em propina nas
negociações envolvendo a refinaria de Pasadena para utilizar em sua
campanha eleitoral do ano passado, quando o petista disputou o governo
de Mato Grosso do Sul e perdeu. O senador Delcídio permanecerá
licenciado do mandato enquanto
durar a prisão preventiva autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e mantida pelo Plenário do Senado.