sexta-feira, 27 de novembro de 2015

PT deverá expulsar Delcídio do partido


O comando do PT deverá expulsar o senador Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado e preso na quarta-feira, do partido, diz reportagem do jornal Folha de S.Paulo. No mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu Delcídio por obstruir as investigações da Operação Lava Jato, o PT soltou uma nota oficial, assinada pelo presidente Rui Falcão, alegando que o partido "não se julga obrigado a qualquer ato de solidariedade", que as tratativas atribuídas ao político não têm relação com sua atividade partidária e que a Comissão Executiva Nacional deverá se reunir para adotar medidas em breve.
Segundo a Folha, a divulgação da nota abriu um racha entre o comando do partido e sua bancada no Congresso, que reclama de não ter sido previamente consultada sobre seu teor. O ex-presidente Lula não se pronunciou sobre a prisão oficialmente, mas participantes de almoço na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo, alegaram que Lula estava perplexo com a "burrada" de um homem tão sofisticado. Há dois ritos em análise: o afastamento sumário ou a expulsão apenas após toda a tramitação de um processo no conselho de ética.
As prisões
Hoje, o advogado Edson Ribeiro, que defendia o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, foi preso ao desembarcar no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro. Ele havia sido incluído na lista de procurados da Interpol porque estava nos Estados Unidos quando sua prisão foi ordenada no Brasil. O presidente do BTG Pactual, André Esteves, também foi preso nas investigações da Lava Jato. O trio Delcídio, Esteves e Ribeiro articulou para que Cerveró, que está preso, ocultasse o nome do senador em suas delações. Um áudio enviado pelo filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró, foi enviado ao Ministério Público Federal comprovando as conversas. Em retribuição, Delcídio pagaria um "mensalinho" de R$ 50 mil a Cerveró.
A Procuradoria Geral da República (PGR) afirma que os R$ 50 mil seriam repassados à família do ex-diretor mediante um "acordo dissimulado" entre Edson e André Esteves. Parte dos valores prometidos a Cerveró, segundo a PGR, seria repassada a partir de honorários advocatícios pagos por André Esteves, ao advogado Edson Ribeiro. Delcídio teria, ainda, prometido a Ribeiro mais R$ 4 milhões em honorários.
Delcídio já havia sido citado na delação do lobista Fernando Baiano. Segundo Baiano, o senador recebera US$ 1,5 milhão em propina nas negociações envolvendo a refinaria de Pasadena para utilizar em sua campanha eleitoral do ano passado, quando o petista disputou o governo de Mato Grosso do Sul e perdeu. O senador Delcídio permanecerá licenciado do mandato enquanto
durar a prisão preventiva autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e mantida pelo Plenário do Senado.