Da Folha de S.Paulo - Bela Magale
Quando o nome do pecuarista José Carlos Bumlai passou a ser falado entre os réus da Lava Jato presos
na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, os comentários eram de
que seria inseguro e medroso. Mas Bumlai, preso desde a última terça
(24), tem se mostrado tranquilo na maior parte do tempo.
"Acredito
que ele ainda não caiu na real que está preso. Passa o dia de calça
social e camisa", disse um agente. No lado esquerdo do peito, Bumlai
continua carregando a imagem da Nossa Senhora e um terço feito de pedras
marrons no bolso.
Também leva um crucifixo para o qual aponta e diz: "É assim que eu resisto".
Católico
praticante e devoto de Santo Antônio, ele pediu logo no primeiro
encontro com sua advogada uma Bíblia. E é com ela, rezando diariamente,
que passa boa parte do tempo.
Nas
duas horas por dia de banho de sol, Bumlai não caminha e nem se
exercita, ao contrário da maioria. O que costuma fazer é aparar a barba e
depois fica sentado.
Também não solicitou nada desde que foi detido. Mesmo com pressão alta e medicado, abriu mão de uma dieta diferenciada.
Ao
longo da semana comeu os mesmos pratos que os outros presos: feijoada,
linguiça toscana, carne moída e lasanha, tudo com garfos de plástico.
Abriu mão do café –só toma descafeinado.
Os
advogados insistiram para que um médico fosse vê-lo, mas Bumlai também
dispensou o cuidado, afirmando que seu medicamento dá conta da pressão
alta.
Antes
de ser preso, o pecuarista tinha o plano de depor na CPI do BNDES e se
internar, logo depois, em um hospital em São Paulo para uma bateria de
exames.
Até
agora, Bumlai só recebeu a visita de dois familiares, o filho Fernando e
o genro André. A conversa foi sobre os negócios da família.
Reservado,
Bumlai falou pouco da vida pessoal desde que foi preso, mas contou que é
casado pela segunda vez com uma japonesa, e falou das dificuldades por
diferenças culturais. Ele se referia à advogada Andrea Kushyama.
No
sábado (28), Bumlai completou 71 anos. Mas não teve motivos para
comemorações. O pecuarista não pôde receber ninguém, como é praxe dos
finais de semana.