segunda-feira, 20 de julho de 2015

Rumo à cassação, Eduardo Cunha




Isolado, sem o apoio de um único deputado ou senador do PMDB, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), corre o risco de ser cassado e perder, consequentemente, o poder que tem hoje. O anúncio da criação de suas CPIs, tão logo rompeu com o Governo, sexta-feira passada, está na seara das suas bravatas.
Não tem força nem o poder de articulação quanto antes, quando se elegeu presidente da Câmara, porque é apontado como toqueiro na operação Lava Jato, acusado de abocanhar 15 milhões de dólares do esquema desviado da Petrobras. Cunha leva, ainda, a desvantagem de enfrentar a sua fase mais difícil pelo esvaziamento do Congresso.
O recesso, que começa hoje, é ruim porque isola ele mais ainda, num momento em que precisava pelo menos mostrar força, agora mais do que aparente. Cunha sabe que corre extremo risco de ser deletado da cadeira que ocupa no Congresso. Para isso, basta que o Supremo, como fez na semana passada, autorize uma operação que recolha as provas das acusações que pesam contra ele.
Na semana passada, antes mesmo de Cunha anunciar formalmente o rompimento com o Governo, o deputado Jarbas Vasconcelos o acusou de ditador e falastrão, além de oportunista. Disse que só votou nele para presidente da Câmara para derrotar o PT e, naturalmente, o Governo, a que se opõe de forma radical.
Anunciar e criar e duas comissões foi a saída que encontrou para mostrar o poder da sua caneta de presidente da Câmara, mas nem toda CPI criada prospera no Congresso, especialmente quando tem um viés antidemocrático, como a do BNDES e dos Fundos de Pensão, com o dedo dele.
Vão adiante? Muito difícil por um simples motivo: Cunha está mais sujo do que pau de galinheiro, porque como tantos que já estão recolhidos ao xadrez, é acusado pelo mesmo crime, o de ser beneficiário de um esquema corrupto, de assalto aos cofres da Petrobras. Perdeu todas as condições de continuar no comando da Câmara.
DESMANDOS– Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, de nada vai adiantar o PT querer se aproveitar do atual momento para se livrar do lamaçal no qual se meteu. “O escândalo do mensalão, as denúncias de crime eleitoral e as pedaladas fiscais estão sendo acompanhadas pela Policia Federal, o Ministério Público, o TSE e o TCU. Não dá para o PT ignorar isso”, afirmou. Segundo ele, a criação das CPIs do BNDES e dos Fundos de Pensão não interessa apenas a Eduardo Cunha, mas ao País. “Os brasileiros querem saber os desmandos do PT”, afirmou.