O empresário Ricardo Pessoa, baiano e dono da empreiteira UTC,
poderá ficar calado quando for depor na Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Petrobras. O presidente da comissão, deputado Hugo
Motta (PMDB-PB), informou hoje (2) que recebeu a confirmação do ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. De acordo com a
Agência Brasil, Ricardo Pessoa, que já assinou delação premiada, foi
convocado para depor na CPI. Na última segunda-feira (29), Motta pediu
que o ministro definisse as condições para o depoimento do empresário.
“A resposta do ministro Teori diz que, na condição de investigado, o
senhor Ricardo Pessoa tem garantia de que não vai produzir provas para
se autoincriminar", disse Motta. Os deputados devem decidir na próxima
semana se marcam o depoimento do empresário. O presidente da comissão
também teve negado o pedido de acesso aos termos da delação premiada. “O
STF não compartilhou os termos e mantém a delação sob sigilo, e isso
nos impede de cobrar que o senhor Ricardo Pessoa venha aqui e faça
esclarecimentos", ressaltou. Com base nesse posicionamento, o
parlamentar paraibano informou que só lhes resta respeitar a decisão,
mas acrescentou que na volta do recesso parlamentar vai pedir entrevista
com o ministro para tentar ter acesso às informações. Ricardo Pessoa
teve acordo de colaboração judicial homologado pelo STF há uma semana e é
apontado pelo Ministério Público Federal como o coordenador do cartel
de empreiteiras que atuava na Petrobras. Hoje, a CPI ouviu, em sessão
reservada, o depoimento de dois policiais federais sobre denúncias de
uma escuta clandestina na cela do doleiro Alberto Youssef, na
Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, divulgada recentemente
pela imprensa. Em seguida, os deputados ouviram o empresário Auro
Gorentzvaig, ex-acionista da Petroquímica Triunfo. Ele disse, em
depoimento à CPI da Petrobras, que a empresa foi “expropriada” em
benefício de uma subsidiária da empreiteira Odebrecht, a Braskem. Na
próxima semana, a comissão terá várias audiências, incluindo as
acareações do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque com o
ex-gerente de Serviços e Engenharia da estatal Pedro Barusco; e de
Barusco com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.