O procurador do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol,
coordenador da força-tarefa da Lava Jato, detalhou, ontem, em Brasília,
durante coletiva à mídia nacional, 22 novas denúncias referentes à 14ª
fase da investigação. Em sua explicação, ele mirou principalmente a
Odebrecht e a Andrade Gutierrez, cujos presidentes, Marcelo Odebrecht e
Otávio Azevedo, estão presos desde junho.
Os dois foram denunciados, ontem, por corrupção, lavagem de dinheiro e
formação de organização criminosa. Deltan afirmou que os esquemas de
corrupção envolvendo contratos da Odebrecht ultrapassam R$ 389 milhões.
Até o momento, disse ele, foram recuperados US$ 870 milhões do dinheiro
desviado em todo o caso, ou seja, praticamente US$ 1 bilhão, cifra
fantástica.
O procurador voltou a mencionar, como em outras ocasiões, que
tratam-se de cifras históricas e um caso chocante de corrupção. Deltan
alfinetou a Odebrecht ao dizer que as notas divulgadas pela empresa à
imprensa, negando envolvimento nas acusações, não condizem com os fatos.
"Nós nos aproximamos da verdade por meio de provas e documentos, e
não por meio de notas à Imprensa", disse ele, lembrando que as
informações concedidas pela empreiteira não condizem com documentos
enviados da Suíça. "Não existe espaço na investigação para teorias da
conspiração", acrescentou.
Ele concluiu seu discurso dizendo que o Ministério Público Federal
tem um sonho, que é compartilhado com a sociedade brasileira. "O sonho
de que todos sejam tratados de forma igual perante à lei. A Lava Jato é o
suspiro de esperança", afirmou. "Ninguém está acima da lei", ressaltou.
RISCO DE DERRUTA– O ministro da Fazenda, Joaquim
Levy, foi avisado que o Congresso vai aprovar a redução da meta de
superávit primário, mas corre o risco de ser derrotado na proposta de
corte adicional no Orçamento de R$ 8,6 bilhões. “Não tem mais de onde
tirar. O primeiro corte no Orçamento já foi de R$ 70 bilhões. Se o
governo não explica como será esse novo corte, não será aprovado”,
revelou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que tem conversado com o
ministro Levy. O ministro da Fazenda tem sido questionado sobre a
eficácia do ajuste fiscal.
Sem tête-à-tête– O
vazamento da informação de que o ex-presidente Lula (PT) gostaria de se
encontrar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tende a
inviabilizar uma conversa reservada entre os dois. Aliados de Lula
atribuem a divulgação da informação ao grupo do tucano. “Fica parecendo
que FHC vazou para evitar esse encontro. Uma conversa entre os dois só
teria sentido se fosse reservada, para discutir o cenário político
atual. De outro jeito, não tem sentido”, disse interlocutor de Lula.
Olho no Nordeste– A queda nos índices de
popularidade deverão fazer com que presidente Dilma priorize o Nordeste,
região onde tradicionalmente o PT possui seu melhor desempenho
eleitoral, na sua agenda de viagens. O roteiro prévio aponta que a
presidente deverá visitar os estados de Pernambuco, Bahia, Ceará,
Maranhão e Piauí até o final de agosto. O ex-presidente Lula também
deverá percorrer o Nordeste, mas sem acompanhar a agenda da presidente.