quinta-feira, 23 de julho de 2015

Crise de conflitos, o PT está no fundo do poço



   

O cientista político Antônio Lavareda enxerga um horizonte pouco favorável para o Governo Dilma Rousseff e o PT, em consequência das “crises simultâneas". Para ele, interessante seria a entrada do PMDB no jogo eleitoral em 2018, depois de 20 anos do lançamento de Orestes Quércia (PMDB-SP) ao Planalto.

O Brasil neste momento, segundo Lavareda, enfrenta o que a ciência política classifica como uma "crise de conflitos entre poderes do Estado", que se manifesta no confronto sistemático entre as duas casas congressuais e o Executivo.

“O Brasil passa por quatro crises no momento: econômica, de governabilidade, moralidade pública e de representação. Inflação chegando aos dois dígitos; maioria governista no Congresso reduzida a uma peça de ficção; indignação popular galvanizada e população ainda mais divorciada dos partidos”, diz ele.

O ciclo iniciado há 12 anos com o PT ao poder pode estar chegando ao fim. Segundo ele, dificilmente o partido terá condições de recuperar a sua imagem a curto prazo. Esse tempo é o máximo que os partidos no mundo democrático conseguem se manter no poder. São exceções- os conservadores com Thatcher, os trabalhistas com Tony Blair, os republicanos com Reagan e George Bush, pai.

“Nos EUA, de 1952, quando começaram as modernas campanhas eleitorais, até os dias de hoje, somente uma vez um partido conseguiu se manter no poder por três mandatos. Foi no exemplo citado, entre 1980 e 1992. O PT provavelmente não desaparecerá, e até poderá recuperar parte importante de sua força a médio prazo. Mas sofrerá uma forte inflexão para baixo nas urnas, ao menos nos dois próximos ciclos eleitorais”, lembrou.

Lavareda lembra ainda que a queda na popularidade do Governo Dilma se deve mais à economia do que à Operação Lava Jato. Para ele, é a dimensão econômica que é a principal fonte de origem dos sentimentos da população, como o medo de desemprego, decepção com as medidas de contenção, dificuldades no sonho da casa própria, frustração por ter que restringir o consumo, etc.

“Qualquer candidato derrotaria Lula hoje, acredita Lavareda. “O senador Aécio derrotaria Lula. O governador Alckmin derrotaria Lula. O senador Serra derrotaria Lula. Na verdade, as circunstâncias, que tantas vezes ajudaram Lula, agora são contundentemente prejudiciais a ele. Suas declarações sobre "volume morto" demonstram que ele tem clareza quanto a isso”, assinala.

Lavareda acha que nas próximas eleições pode surgir uma terceira via devido ao desgaste da polarização entre PT e PSDB. Segundo ele, os tucanos que tanto se preocupam com Lula podem levar um susto na próxima eleição presidencial com a emergência ainda mais forte dessa terceira via. Que ao contrário da eleição passada poderá tirá-los do segundo turno.

MARCHA– Presidentes das 27 associações estaduais de prefeitos têm reunião agendada na próxima semana em Brasília para discutir estratégias em relação à mini marcha que ocorrerá na capital federal. “Temos que cobrar do Governo e do Congresso o que ficou prometido na última marcha dos prefeitos, principalmente as matérias de interesse dos municípios que tramitam no Congresso”, revela o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota, presidente da Associação Municipalista do Estado, que confirmou sua presença.