sábado, 25 de julho de 2015

Conselheiro da OAB afirma que legalização de drogas pode aumentar acidentes de trânsito



Conselheiro da OAB afirma que legalização de drogas pode aumentar acidentes de trânsito

O conselheiro da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), Waldir Santos, afirmou que a legalização de drogas poderá aumentar o índice de acidentes de trânsito por não haver mecanismo para aferir o uso de entorpecentes ilegais por motoristas. A declaração do conselheiro foi feita durante a audiência pública da OAB-BA que debateu políticas de drogas no Brasil nesta sexta-feira (24) em Salvador. Waldir Santos, que se opõe a legalização das drogas, afirma que a liberação aumentaria o consumo de entorpecentes, e, com isso, também aumentaria os acidentes de trânsito. Para ele, o debate sobre a legalização das drogas não está sendo feito com sinceridade e que “as pessoas estão sendo enganadas no varejo”, não havendo divulgação de que as drogas ilícitas são as maiores causadoras de acidentes. O conselheiro cita uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob encomenda do Ministério da Justiça, que na época era o órgão que abrigava o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) – que hoje é do Ministério das Cidades. “Essa pesquisa mostra que, diferentemente do que a população pensa, não é o álcool que mata mais. O álcool tem como ser medido através de exames de sangue nos hospitais de emergência, em necrotérios e nos bafômetros. Você tem um índice de utilização do álcool como causador de acidentes. Mas o mesmo não acontece em relação as outras drogas, as drogas ilícitas. Essa pesquisa desmistificou essa questão, mas infelizmente, a ela não foi dada a divulgação que as políticas públicas de prevenção a drogas sejam ilícitas ou licitas, tomassem um rumo em consonância com as necessidades da sociedade”, diz o conselheiro. Waldir Santos afirma que “tem muita gente morrendo em acidente de trânsito, perdendo familiares, e achando que é o álcool que está matando”. “O rigor com relação ao álcool deve até ser aumentado. Eu acho que as blitzes devem ser intensificadas. A regra, pela consequência que o uso do álcool ocasiona, deveria ser até mais rigorosa do que é, mas os estudos mostram que o principal causador de acidentes de trânsito não é a droga lícita”, destaca. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) proíbe a direção sob o efeito de substâncias entorpecentes. “O problema é que nós só temos medidores para substâncias entorpecentes de álcool. Não temos para outros. Nesse estudo que foi feito pela universidade, foram utilizados, além do bafômetro para o caso do álcool, a testagem com saliva em partes da pesquisa, e a testagem com sangue, em outra parte da pesquisa. São aferições fora de qualquer dúvida. Existe embasamento cientifico para testagem dessa forma. Já existe no mercado internacional equipamentos que verificam o consumo dessas substâncias em testes rápidos. Mas esse trabalho de testagem ainda não foi popularizado, não foi expandido de forma que os governos de outros países, como o Brasil, comecem a utilizar. As vezes, o policial até percebe que a pessoa está sob efeito de uma substância. Eles usam o bafômetro, não detectam nada, porque a pessoa não utilizou álcool, e a pessoa sai dirigindo, expondo a risco a vida de outras pessoas”, afirma. Ele finaliza afirmando que se não houver uma mudança na forma de testagem, o álcool vai continuar sendo o vilão dos acidentes de trânsito.