terça-feira, 21 de julho de 2015

A melhor defesa é o ataque



 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teve uma saída inteligente, ontem, quando forçado a falar sobre uma acareação dele com o lobista Júlio Camargo, que informou em delação premiada ter pago a ele uma propina no valor de 5 milhões de dólares. "Não tem nenhum problema. Pode haver acareação com quem quiser. Mas aproveita e chama o Mercadante e o Edinho Silva para acarear com o Ricardo Pessoa e a Dilma para acarear com Youssef (doleiro Alberto Youssef)”, afirmou.
É o tipo de reação de que a melhor defesa é o ataque. "Acho oportunista querer falar em acareação. Estou disposto a fazer em qualquer tempo. Aproveitem e convoquem todos os que estão em contradição. O ministro Mercadante e o ministro Edinho negam o que foi dito por Ricardo Pessoa. A presidente nega o que foi colocado pelo Youssef. Que façam acareação de todos", acrescentou.
Segundo a revista Veja, o doleiro Alberto Youssef, um dos acusados de liderar o esquema de corrupção na Petrobras, disse que tanto o ex-presidente Lula quanto a atual mandatária Dilma Rousseff (ambos do PT) conheciam as irregularidades na Petrobras. Conforme a revista, em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, o doleiro disse que os dois petistas “sabiam de tudo”.
Se é assim, Eduardo Cunha tem plena razão quando também defende que Dilma faça acareação. Faz parte do jogo do mesmo lamaçal. Por enquanto, o lobista não apresentou provas para incriminar Cunha, assim como o doleiro não entregou nenhuma prova à revista de que Dilma e Lula têm culpa no cartório.
O deputado voltou a negar que a decisão anunciada por ele na última sexta-feira, de romper com o Governo signifique que ele implementará na Câmara uma pauta contrária aos interesses da presidente Dilma Rousseff. "Não estamos querendo tacar fogo no País, nenhuma pauta bomba. É o normal que está sendo tratado (na pauta da Câmara). Se o normal incomoda, é outro problema”, assinalou.
Acrescentou que o fato de ter mudado o seu alinhamento político com o Governo não significa que vá mudar como presidente da Câmara. “Minha militância partidária como deputado e como político é que está em discussão. Meu papel como presidente da Câmara é igual”, ressaltou.
O presidente da Câmara lembrou que o PMDB já está dividido desde as eleições do ano passado, quando 41% dos que votaram na convenção nacional do partido foram contra a manutenção da aliança com o PT. "A bancada já estava dividida, o PMDB já foi dividido para a eleição. Não foi a mudança no meu alinhamento que criou isso”, afirmou.