Afetado
por uma forte crise de imagem, o PT vê ameaçada a eleição em cidades do
Nordeste em 2016. Foram os eleitores dos nove Estados da região,
principal base de apoio do governo Dilma Rousseff, que garantiram sua
reeleição em 2014.
Assessores
do Palácio do Planalto esperam a eleição mais "dura da história" em São
Paulo, onde o PT viu sua rejeição disparar. Mas o Nordeste passou a
preocupar após uma pesquisa interna do PT mostrar que a taxa de
aprovação do governo Dilma é de cerca de 10% no Brasil. Os números foram
discutidos durante o último encontro de Dilma e o ex-presidente Lula,
em Brasília, há cerca de duas semanas.
Aliados
relatam o temor de reflexo da crise entre os chamados "convertidos",
eleitores fieis ao PT. A pesquisa foi usada como argumento para reforçar
a necessidade de construir uma agenda positiva para Dilma.
Entre
os nordestinos, Dilma teve quase 72% dos votos válidos, desempenho um
pouco abaixo do de Lula em 2006, quando foi reeleito com 77%. Em 2014, o
PT elegeu Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará) e Wellington Dias
(Piauí) governadores. Em 2012, elegeu 187 prefeitos no Nordeste, 52 a
mais que em 2008, mas perdeu capitais importantes, como Recife (PE) e
Fortaleza (CE).
DEBANDADA
Petistas
têm recebido reclamações de prefeitos candidatos à reeleição
insatisfeitos com a posição do partido de não aceitar doações
empresariais. Eles se queixam de que, sem isso, terão as campanhas
inviabilizadas. Alguns ameaçam deixar o partido antes de outubro. Para
evitar a debandada, o PT deve atenuar a decisão de não aceitar doações.
Inicialmente,
o congresso do partido, no próximo fim de semana, na Bahia, ratificaria
o compromisso do PT de proibir doações empresariais. Mas, após a Câmara
aprovar repasses exclusivamente para os partidos, houve um recuo. Se a
regra prevalecer e o PT aprovar o veto às doações privadas, as campanhas
de 2016 vão depender só de financiamento público. Segundo um dirigente
petista, "os prefeitos não aceitam" essa situação e teriam repassado a
queixa para Lula.