A ex-ministra Marina Silva (PSB) criticou, hoje, em Campinas, a forma
como o governo federal tenta aprovar no Congresso as medidas do ajuste
fiscal, consideradas por ela como "dramáticas", pois impõem sacrifícios à
população "enquanto o governo não está disposto a sacrificar-se". O
governo Dilma Rousseff propôs mudanças no acesso a seguro-desemprego e a
pensões, entre outras medidas, para reduzir gastos.
Para Marina, as dificuldades que o governo vem enfrentando para a
aprovação das medidas do ajuste fiscal no Congresso demonstram "o
colapso da velha composição pragmática", baseada na distribuição de
cargos, na qual se sustenta o governo. "Demonstra o esgotamento do
modelo de coalização", ponderou. É preciso, segundo ela, mudar a forma
de se obter maioria e que o instrumento para isso deve ser a discussão
programática e não o pragmatismo. Parlamentares do PT e de partidos
aliados resistem a aprovar as medidas enviadas pelo governo.
Na avaliação da ex-ministra, a falta de autocrítica do governo
contribui para as crises econômica e política. Se, anteriormente, disse,
a situação não tivesse sido classificada como "marolinha" e tivessem
sido adotadas medidas de combate aos problemas econômicos, a situação
poderia não ser tão "dramática". "A população se sente enganada, o que
afeta a credibilidade e dificulta o avanço", considerou. Ela, porém,
classificou as medidas do ajuste como “amargas, mas necessárias no
contexto em que o País vive atualmente".