O empreiteiro Eduardo Leite, afastado da Camargo Corrêa porque foi
preso pela Operação Lava Jato, apontou os nomes do dono da UTC, Ricardo
Pessoa, e Márcio Faria, diretor da Odebrecht, como dois representantes
que sabiam do esquema de propina. Leite prestou depoimento da Justiça
Federal do Paraná, base das investigações na Operação Lava Jato, na
tarde de segunda-feira (18). "Só a Camargo Corrêa pagava propina?",
perguntou o juiz federal Sérgio Moro, que dirige as ações da Lava Jato.
"Não. Eu cheguei a ouvir de outras empresas que elas pagavam propina",
afirmou Leite. "O sr. pode me esclarecer?", insistiu Moro. "Posso. O
doutor Ricardo Pessoa uma determinada vez me comentou 'pô essa situação é
desconfortável, né? Esse acerto que a gente tem que fazer esses volumes
de dinheiro'. Então ele fez uma reclamação nesse sentido e em outra
ocasião o Márcio Faria da Odebrecht fez a mesma reclamação. "Pessoa já é
réu da Lava Jato e foi preso no dia 14 de novembro de 2014, quando a
Polícia Federal deflagrou a Operação Juízo Final, fase da Lava Jato que
pegou o braço empresarial do esquema implantado na estatal petrolífera.
Pessoa está fazendo delação premiada na Procuradoria Geral da República
no âmbito dos inquéritos envolvendo políticos com a corrupção na
Petrobras. Os executivos da Odebrecht, como Faria e outros, ainda são
investigados em inquérito e deverão ser denunciados nas novas etapas da
Lava Jato. A empreiteira é considerada pelos investigadores uma das
líderes do cartel, que se organizou para combinar e fatiar obras
bilionárias da Petrobras. O coordenador da força-tarefa da Lava Jato
procurador Deltan Dallagnol afirma que as apurações já identificaram um
total de R$ 6 bilhões em propinas na Petrobras, mas esse valor pode ser
mais elevado, ainda, a partir dos processos envolvendo a Diretoria de
Serviços, cota do PT no esquema, e a de Internacional, cota do PMDB. O
ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa é réu confesso do
recebimento de propinas na estatal. Admitiu ter recebido os valores da
Camargo Corrêa. Renato Duque, ex-diretor de Serviços, nega envolvimento
no esquema. Pessoa, que até agora negava, acabou de fechar acordo em que
negocia uma delação premiada. Os executivos da Odebrecht negam o
esquema. A empreiteira afirma que não participou do cartel montado na
estatal e que nunca pagou propinas a nenhum diretor da Petrobras.