quinta-feira, 16 de abril de 2015

Tortura de travesti em prisão de São Paulo será investigada; campanha comove redes sociais


Tortura de travesti em prisão de São Paulo será investigada; campanha comove redes sociais


A suposta tortura que a travesti Verônica Bolina, sofreu dentro do 2º Distrito Policial do Bom Retiro, em São Paulo, será investigada pela Corregedoria da Polícia Civil e pela Defensoria pública do Estado de São Paulo, após fotos da modelo, espancada, com o cabelo raspado e os seios completamente expostos circularem nas redes sociais. "Há suspeita de tortura em virtude de como o rosto de Verônica ficou desfigurado. É difícil acreditar que para conter uma presa ela tenha que ficar com o rosto espancado", diz a defensora pública Juliana Belloque em entrevista ao G1. Para o núcleo especializado de combate à discriminação da Defensoria Pública, há indícios de tortura, maus-tratos, excessos, abusos, exposição indevida da imagem, coação e constrangimento ilegal envolvendo a prisão e contenção de Verônica. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os policiais que ouviram o depoimento afirmam que Verônica – cujo nome civil é Charleston Alves Francisco - quando estava detida em uma cela, expôs a genitália e começou a se masturbar, o que provocou a revolta dos outros presos. De acordo com a versão da polícia, para conter a situação, um carcereiro entrou na cela para retirá-la, quando Verônica o atacou com uma mordida na orelha. O delegado esclarece que Verônica se machucou durante esses confrontos. O delegado Luiz Roberto Hellmeister, titular do 2º DP, apontou que Verônica, por causa da sua condição sexual, pode solicitar uma sala separada do restante dos presos, mas que não houve esse pedido. Sobre a queixa de que o cabelo de Verônica teria sido cortado, o delegado esclarece que ela já tinha cabelos curtos quando chegou à delegacia, pois costumava usar peruca antes de ser presa, diz a nota. Quando a defensoria tentou ouvir a versão de Verônica, um delegado e um carcereiro estavam presentes no mesmo ambiente onde ela era ouvida. “Não foi permitido contato reservado das defensoras com a presa, permanecendo o delegado e o carcereiro ao lado durante a entrevista, afirmando que a ela que ‘deveria falar a verdade, sem aumentar nem diminuir’, bem como sabia que diante dela ter arrancado a orelha de um agente ‘teria ficado barato’”, disse Juliana. O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) foi um dos internautas que aderiu ao movimento #SomostodasVerônica nas redes sociais e colocou sua equipe à disposição da família da modelo. Ele ainda se comprometeu a levar a história à Comissão de Direitos Humanos da Câmara à CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres, à Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher e também à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para averiguar se, de fato, houve ou não tortura.