A
dona de casa Rosimery da Silva, 47, está assustada com o baixo nível do
Lago de Sobradinho, maior reservatório do país em área alagada,
localizado no norte da Bahia.
Por causa da forte estiagem que afeta a
região, na quinta-feira (19), o índice da represa era de 17,44% de sua
capacidade, segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema). O reservatório
fica no rio São Francisco, tem 320 km de extensão e capacidade de
armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água.
“Fico triste quando vejo ele [o reservatório] assim. Tenho medo que seque ainda mais”, lamenta Rosimery. Ela mora às margens do lago artificial que é considerado um dos maiores do mundo.
Ela lembra que, nos últimos três anos, a
beira do rio tem ficado cada vez mais distante de onde vive. Rosimery
conta que antes bastava colocar os pés para fora de casa para pegar
água. “Acho que o rio já recuou uns 300 metros durante esse tempo”, calcula. Com isso, ela foi obrigada a instalar uma bomba para levar água até sua casa.
Estefânio Luiz, 23, cuida do criadouro
de tilápias que era do seu pai, morto há três anos. Ele fala que, à
medida que a represa vai ficando rasa, ele tem de colocar as gaiolas
onde cria os peixes cada vez mais distante das margens. “Isso é perigoso
por causa de furto”, diz.
Nível baixo
O nível do reservatório de Sobradinho,
considerado crítico, é o menor entre as represas usadas para geração de
energia das regiões Norte e Nordeste, de acordo com o ONS.
Em pior situação estão reservatórios
localizados no Sudeste e no Centro-Oeste, como Ilha Solteira (SP) e Três
Irmãos (SP), que estão zerados e usam o volume morto (água que fica no
fundo das represas); Nova Ponte (MG), com 16,93% de água; Furnas (MG),
com 16,76%; e Itumbiara (GO), com 13,92%.
Os reflexos do baixo nível das represas
são conta de luz mais cara e aumento do risco de racionamento. Na semana
passada, o Banco Central previu que o preço da energia elétrica vai
subir, em média, 38,3% em 2015. (Fonte:Uol/Foto: Ivan Cruz)