O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rebateu, hoje, a
afirmação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), de que o governo tucano abriu "a porteira da corrupção" na
Petrobras "ao ignorar a lei de licitação nº 8.666". Para FHC, os
governos do PT afrouxaram critérios na estatal e a declaração do
parlamentar é uma tentativa de desviar o foco da corrupção para o
passado.
"Não se imaginava que houvesse a frouxidão de critérios que aconteceu
posteriormente, nos governos petistas (...). Menos ainda se pensava
possível a tácita conivência dos governos que nomearam, por intermédio
do Conselho de Administração, diretores ligados a esquemas de
financiamento partidário, tal como se está vendo com base nos dados
levantados pela operação Lava Jato", respondeu Fernando Henrique por
meio de nota.
"Desviar do foco da corrupção para o passado é manobra que não se
sustenta. Ele está na conduta delituosa de agentes públicos e privados,
somado à leniência governamental. Até porque um mero decreto poderia ter
sido revogado nos doze anos de petismo, fosse ele a causa real da
corrupção e houvesse vontade no governo para combatê-la", prosseguiu o
ex-presidente.
Cunha disse ontem no programa Roda Viva, da TV Cultura, que o decreto
2.745, editado por FHC em 1998 e que regulamentou o regime diferenciado
simplificado de contratações da Petrobras, teria facilitado a formação
de cartel na petrolífera.