A
eleição do presidente Tancredo Neves (PMDB) no Colégio Eleitoral, que
completa exatos 30 anos hoje, ainda suscita debate e reflexões para a
chamada “Nova República”, que marcou o fim do regime militar de 1964 e
deu ao país uma virada na agenda política. Em Pernambuco, o único a se
abster da votação indireta, o ainda senador e futuro deputado federal
Jarbas Vasconcelos (PMDB), se arrepende de não ter comparecido à
votação. “Eu era a favor da eleição direta. Eu fui o único do PMDB a não
comparecer, mas o que importa é que hoje eu fiz uma autocrítica e vi
que eu estava equivocado”, disse.
A
posição de Jarbas poderia até mudar o placar, mas não alteraria o
resultado final do pleito. Tancredo Neves, ex-governador de Minas
Gerais, venceu o candidato da situação, Paulo Maluf, do PDS, por 480
votos a 180 no Colégio Eleitoral, formado por deputados federais,
estaduais, senadores e governadores. Porém, apesar de sair vitorioso na
disputa, Tancredo não chegou a assumir por questões de saúde, abrindo
caminho para a diplomação e posse do então vice-presidente José Sarney
(PMDB), que até pouco tempo ainda circulava no Senado representando o
estado do Amapá.
Além
de Jarbas Vasconcelos, outros nomes de Pernambuco foram destaque na
época, mas, no caso, favoráveis à eleição de Tancredo Neves. A
articulação, realizada pelo então senador Marco Maciel e o então
governador do estado Roberto Magalhães - que estavam no mesmo partido de
Paulo Maluf e abriram uma dissidência -, deu força à campanha de
Tancredo. “Todos os governadores do Nordeste eram do PDS, e apenas um, o
da Paraíba, Wilson Braga, votou em Maluf. Isso foi decisivo para
Tancredo, que, depois da eleição, fez uma série de elogios a Roberto”,
relembrou o então prefeito do Recife Joaquim Francisco, hoje no PSB.
O
ex-deputado federal Gilson Machado era delegado do PSD, partido
governista, e lembra que Maluf não alcançou o consenso na legenda.
“Houve uma disputa interna entre Maluf e Mário Andreazza, e Maluf acabou
ganhando. O nome ideal seria o de Andreazza. Eu não participei da
votação no Colégio Eleitoral, mas segui a determinação do partido”. A
votação indireta para o novo presidente foi aberta e incluiu nomes como
os dos deputados Cristina Tavares, do PMDB, Inocêncio Oliveira (PR) e
Roberto Freire (PPS).