terça-feira, 20 de janeiro de 2015

A primeira grave crise do governo de Pernambuco


    
Em menos de um mês de gestão, o governador Paulo Câmara (PSB) acabou gerando mais fatos negativos do que positivos. O recrudescimento da violência é apontado como o principal foco da mídia que puxa o Estado para baixo, como a rebelião de ontem, no Aníbal Bruno, que resultou em mortes.
O governador manteve no cargo o secretário de Defesa, Alessandro Carvalho, com carta branca para mudar os comandos da Polícia Militar e da Polícia Civil, o que fez imediatamente. O tempo é curto, não dá para concluir se as mudanças foram acertadas, mas nunca a violência voltou com tanta intensidade e de forma tão rápida.
Episódios que pareciam ter sumido do quotidiano no Estado, como arrastões, voltam a apavorar a população. Na semana passada, o primeiro arrastão ocorreu na Via Mangue, em plena luz do dia. Três dias depois, se deu da mesma forma, fazendo mais vítimas, no Recife Antigo.
Com isso, o Governo teve que reforçar o policiamento no último fim de semana, para não atrapalhar a programação festiva da Prefeitura do Recife. As cenas de ontem, rastreadas no motim do Aníbal Bruno, são chocantes e deprimentes, como foram aquelas imagens, no Jornal Nacional, de detentos exibindo armas brancas.
Câmara administra um cenário de incertezas na área de segurança. Na verdade, acendeu uma luz amarela, que impõe medidas duras, audaciosas, capazes de enfrentar essa chaga da violência, que seu antecessor, o ex-governador Eduardo Campos, atacou com prioridade absoluta, tendo obsessão pelas metas de redução de crimes.
Não custa lembrar que quando Eduardo assumiu em 2007, Pernambuco era considerado o terceiro Estado mais violento do País, tendo computado naquele ano 4.635 homicídios. Em 2012, ocupava o décimo lugar no ranking nacional, de acordo com o último Mapa da Violência.
Com isso, a taxa de 53,1 assassinatos por cada grupo de cem mil habitantes caiu para 37,1 no período, uma redução de quase 40%. A julgar pelas estatísticas ainda não computadas no Mapa, mas já publicados nos documentos internos da Secretaria de Defesa Social, o total de crimes letais violentos intencionais caiu ainda mais em 2013: foram 3.100, o que dá uma taxa de 34,1 por cem mil habitantes.
Pelos dados do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa de homicídios caiu de 50,1 para 36,2 por cem mil habitantes entre 2008 e 2012: queda de 28%. É o menor patamar desde que foi criado o chamado Pacto Pela Vida.
No entanto, essa taxa ainda está entre as mais altas do País, e a segurança está longe de ser um problema que será resolvido por Câmara.
SEM CONTROLE– Estranho que o Governo do Estado tenha investido, há menos de dois anos, R$ 25 milhões na requalificação do complexo presidencial Aníbal Bruno e os mesmos problemas continuem, como superlotação, entrada de drogas, armas e até celulares, para que os detentos continuem comandando da prisão sequestros e outros crimes. O Governo parece não ter respostas para a crise na área de segurança.
Cego em tiroteio– A rebelião no complexo de Suape, que resultou na morte de um sargento da Polícia Militar e um detento, põe no colo do governador Paulo Câmara (PSB) uma crise que exigirá pulso forte. O aumento dos índices de homicídio no Pacto pela Vida e os arrastões na Via Mangue e Recife Antigo indicam que o Governo está mais perdido do que cego em tiroteio na área de segurança.