quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Santuários eleitorais do Bolsa Família


 
Vereador Marcílio de Oliveira, ao lado da esposa, ele próprio estava cadastrado, recebeu quatro meses, mas foi obrigado a restituir valor embolsado aos cofres da União.
CANHOBA (SE) – Território dominado por uma prefeita adepta do nepotismo, cujos filhos e parentes próximos tocam a sua gestão, a pequena Canhoba, com apenas 4.057 habitantes, a 124 km de Aracaju, deu a presidente Dilma (PT) 83,33% dos votos, a maior de Sergipe, a nona do País. A expressiva votação foi puxada pela indústria eleitoreira do programa Bolsa Família, que contempla 937 famílias no município, a maioria pobre e necessitada, mas muita gente que abriu uma brecha para aumentar sua renda de forma ilegal.
Os flagrantes das fraudes estão em toda parte, do perímetro urbano aos sete povoados, onde moram 70% da população. O caso mais aberrante já teve um final feliz: vereador filiado ao Solidariedade, Marcilio de Oliveira, representante da reserva quilombola de Caraíbas, a 15 km do centro, passou quatro meses na lista dos bolsistas, com uma ajuda de R$ 326, mas denunciado, teve que reembolsar R$ 1.386.61, meses após receber uma notificação do Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Pobreza.
“Eu fui inscrito antes de ser eleito, mas depois da eleição me aconselharam a não abrir mão do benefício, pois muita gente no município também estava em situação irregular”, conta o parlamentar, adiantando que devolveu o valor constrangido. Ele reclama que, apesar de apoiar a gestão municipal, nunca ganhou um emprego para colocar seus parentes. “Mas a prefeita governa com a família”, desabafou, irritado.