O juiz federal
Sérgio Moro, que conduz o processo da operação Lava Jato, chamou de
"fantasiosa" a tese levantada pela defesa do vice-presidente da
empreiteira Engevix, Gerson Almada, de que o magistrado estaria
ocultando o nome de políticos para que o caso não fosse transferido para
o STF (Supremo Tribunal Federal). A operação Lava Jato investiga um
esquema de desvio de recursos públicos da Petrobras avaliado em R$ 10
bilhões.
Na última
segunda-feira, o ministro do STF Teori Zavascki questionou o juiz após
manifestação dos advogados de Gerson Almada. Segundo a defesa do
vice-presidente da Engevix, a PF sabia, desde setembro de 2013, que o
doleiro Alberto Yousseff mantinha relações com deputados federais, mas
que Moro só teria reconhecido isso após a deflagração da operação Lava
Jato, em março deste ano.
A tese defendida
por alguns advogados dos envolvidos é de que, na medida em que a
investigação envolveria políticos com foro privilegiado, o caso deveria
tramitar no STF, e não na Justiça Federal do Paraná.
A defesa de Gerson
Almada afirmou que Moro impede os réus de citar os nomes de políticos
supostamente envolvidos no esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Dessa forma, o caso continuaria sob sua responsabilidade.
Em despacho
publicado hoje, Moro contesta a acusação dos advogados. "A orientação
(...) para que os depoentes não indicassem, em audiência, o nome de
agentes políticos visou, a toda evidência, não esconder o fato da
possível ocorrência de crimes da espécie (...), mas sim preservar a
autoridade da decisão da Suprema Corte, que decretou sigilo sobre este
conteúdo específico da colaboração premiada de Paulo Roberto Costa",
escreveu Moro, referindo-se ao acordo de delação premiada feito com o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, apontado
como um dos operadores do esquema.
"Esclareço ser
fantasiosa a argumentação de que este Juízo estaria ocultando o nome de
agentes políticos envolvidos nos crimes para preservar a competência em
primeiro grau de jurisdição", disse Moro.