sexta-feira, 31 de outubro de 2014

CORPO DE ADVOGADO ASSASSINADO FOI ENTERRADO APÓS 52 DIAS NO IML


'Não quero ódio', diz mãe em enterro de advogado vítima de Paulinho Mega

Ele foi sequestrado e morto em Salvador. Amigo cometeu crime, diz polícia.

Corpo do advogado Ricardo Melo é sepultado
(Foto: Cássia Bandeira/G1)

“O que eu quero dizer é que nesse momento eu estou me sentindo mais tranquila porque vou ter o direito que toda mãe deve ter quando vê seu filho morto, o direito de enterrar". Esta foi a declaração de Miriam Andrade, mãe do advogado Ricardo Andrade Melo, 37, morto após ser sequestrado pelo "amigo" conhecido por "Paulinho Mega", durante sepultamento do filho na manhã desta quinta-feira (30), no cemitério do Campo Santo, em Salvador.

O corpo do advogado foi liberado na quarta-feira (29), após 52 dias no Instituto Médico Legal (IML). "Sofri muito. Há quase meio ano que venho sofrendo com tudo isso que aconteceu, mas estou dando a ele um descanso, um descanso eterno, e tirando desse mundo que está tão violento, com pessoas tão maldosas, com pessoas invejosas, com pessoas que eu não tenho nem palavras para dizer de uma pessoa dessas", disse Miriam Andrade durante o velório do filho. Ricardo Melo foi sequestrado em abril deste ano e o corpo foi encontrado em uma cisterna, no bairro de Castelo Branco, em Salvador, no mês de setembro.

O principal suspeito de sequestrar e matar o advogado é Paulo Roberto Gomez Guimarães Filho, o "Paulinho Mega", que está preso na capital baiana, e teria cometido o crime por dinheiro.

"Eu não quero rancor, não quero ter ódio, quero apenas esquecer e lembrar do meu filho só dos bons momentos e agora poder enterrá-lo com paz, tranquilidade e dar a ele o descanso eterno. Espero que a gente um dia se encontre”, disse a mãe da vítima.
Paulinho Mega, entre o pai e o homem apontado
como comparsa (Foto: Henrique Mendes/G1)

Caso
"Paulinho Mega" foi preso no dia 5 de outubro, em São Paulo. À polícia, o autor assumiu que sequestrou o advogado porque precisava de dinheiro para fugir do país. Ele já tinha sido condenado a 22 anos de prisão por outro homicídio e planejava deixar o Brasil. No entanto, Paulinho Mega afirma que não foi ele quem matou a vítima.

Além de "Paulinho Mega", também foram detidos o pai dele, Paulo Magalhães, de 65 anos, e Arivan de Almeida Morais, apontado como comparsa. O delegado Cleandro Pimenta, responsável pelas investigações, disse que Aurivan de Almeida contou em depoimento que matou Ricardo Andrade Melo com uma paulada na cabeça.

"Paulinho Mega", além de ter sido condenado por outro homicídio, já respondeu a inquéritos policiais e a processos criminais por estelionato, tráfico internacional de drogas no Mato Grosso e por envolvimento na morte de duas pessoas, um outro vizinho e um amigo de infância.

Amizade forçada 
O suposto sequestrador de Ricardo alugou um apartamento no mesmo prédio da vítima para se aproximar dele. Os dois foram vistos juntos, pela última vez, no dia 29 de abril, em um posto de combustível no bairro da Graça, em Salvador.

Ricardo acompanhava o vizinho, que informou que iria comprar um carro importado. Horas depois, Paulinho Mega aparece entrando em um posto bancário. Segundo a polícia, ele tentou sacar o dinheiro da conta de Ricardo, mas não conseguiu porque o cartão estava bloqueado. Depois disso, o advogado e Paulinho Mega não foram mais vistos.

A família recebeu um telefonema pedindo resgate e o sequestrador mandou o número da conta bancária para depósito. A polícia descobriu que a conta estava em nome de uma criança, filha de Paulinho Mega.