quarta-feira, 17 de setembro de 2014

FHC: 'Até que ponto vão abusar da nossa paciência?'




 Deu na coluna de Mônica Bergamo, hoje, na Folha de S.Paulo:
Todo brasileiro tem orgulho de lembrar que um dia teve no poder um presidente como Fernando Henrique Cardoso. Ainda mais diante dos desmandos, das falcatruas, das mentiras, dos equívocos de um governo [o da presidente Dilma Rousseff] que não governa, desgoverna", disparou o empresário João Doria Jr., anteontem, em sua casa, nos Jardins, ao anunciar que FHC falaria à plateia de empresários que se reuniram para homenagear o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O ex-presidente, que dividia a mesa com empresários como Pedro Passos, da Natura, Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, e Marcelo Odebrecht, se dirigiu ao microfone. "Com um apresentador como o João Doria, não há como não receber palmas no palco", brincou.
E logo subiu o tom, até um pouco acima do que costuma adotar nessas ocasiões. "Eu acordei há alguns dias e li as revistas [semanais de informação]. Eu sou uma pessoa de energia. Mas confesso a vocês que fiquei golpeado [ao ler reportagens sobre supostos desvios na Petrobras]."
"Até que ponto vão abusar da nossa paciência?", disse FHC, elevando a voz. "Estamos numa situação calamitosa no Brasil, que causa repulsa e indignação."
Em seguida, Fernando Henrique deu declarações que foram consideradas por muitos dos presentes como indiretas à candidata Marina Silva. "Não é com convicções arraigadas mas equivocadas que se muda o país. Não é só com boa vontade que as coisas mudam."
O ex-presidente encerrou o seu discurso: "Vamos ser francos: eleição se ganha no dia. Estamos aqui para apelar. E eu apelo mesmo. Minhas palavras não são de desespero, mas de convicção. E também não sou ingênuo. Com fé e convicção, vamos mudar esse país".