De acordo com o Ibope, divulgado ontem à noite, Dilma não subiu nem desceu.
Numa entrevista que
concedeu no final de maio, Lula disse que prefere ver Dilma Rousseff
eleita num segundo round folgado do que num primeiro turno apertado. “A
ganhar no primeiro turno por 51% a 49%, prefiro ganhar no segundo turno,
com 65% a 35%”, disse ele. “Eu acho que a Dilma está tranquila.” A
intuição de Lula, aguçadíssima, pode pregar-lhe uma peça.
Hoje, a melhor coisa que
poderia acontecer com Dilma seria prevalecer no primeiro turno —ainda
que por margem estreita. Se a disputa escorregar para uma segunda etapa,
como parece provável, a candidata de Lula terá de empapar o terninho
vermelho para conservar a poltrona de presidente da República. Na virada
de um turno para o outro, seus adversários revelam-se bem mais pujantes
do que ela.
De acordo com o último Ibope,
divulgado na noite desta quinta-feira, Dilma não subiu nem desceu.
Manteve os mesmos 38% que tinha há duas semanas. Aécio Neves oscilou um
ponto para o alto, estacionando em 23%. Está 15 pontos atrás da
presidente. Eduardo Campos também subiu um ponto, somando 9%.
Encontra-se a 29 pontos percentuais de Dilma.
Num segundo turno contra o
rival tucano, Dilma iria de 38% para 42%. Agregaria ao seu cesto de
votos apenas 4 pontos. Aécio saltaria de 23% para 36% —um acréscimo de
13 pontos. Ficaria a escassos seis pontos de Dilma. E teria sobre ela
uma vantagem inestimável: enquanto a taxa de rejeição da presidente é de
36%, a do senador tucano soma 15%.
Numa disputa direta contra o
ex-governador de Pernambuco, Dilma adicionaria seis pontos percentuais
ao seu potencial de votos. Saltaria de 38% para 44%. Campos avançaria
notáveis 23 pontos, passando de 9% para 32%. A diferença entre ambos
cairia de 29 pontos percentuais para 12. E Campos tem uma taxa de
rejeição quatro vezes menor do que a de sua rival. Enquanto 36% dos
eleitores declaram que jamais votariam em Dilma, apenas 9% refugam
Campos.
Mas afinal, haverá ou não
segundo turno? Para liquidar a fatura na primeira rodada, Dilma
precisaria obter mais votos do que a soma de todos os seus rivais. Hoje,
informa o Ibope, há um empate da presidente com seus contendores.
Somando-se os percentuais atribuídos a Aécio, Campos e aos candidatos
nanicos, chega-se aos mesmos 38%. Há quatro meses, Dilma somava 37%,
contra 25% dos demais.
Ou seja: não são
negligenciáveis as chances de o eleitor preferir esticar a contenda, a
exemplo do que fez em 2002, 2006 e 2010. Afora a taxa de rejeição, Dilma
arrasta na cena eleitoral uma segunda bola de ferro: apenas 32% do
eleitorado considera o governo dela ótimo ou bom. A taxa de aprovação é
praticamente igual ao índice dos que avaliam a administração petista
como ruim ou péssima: 31%.
Se a história ensina alguma
coisa é que a taxa de intenção de votos de um candidato à reeleição
tende a se aproximar do índice de aprovação do governo que se deseja
continuar.
Em resumo: a dois meses do
encontro do eleitor com a urna, a sucessão de 2014 continua sendo uma
janela aberta para o imprevisível. Mas, diferentemente do que afirmou
Lula, Dilma não está tranquila.