O
tamanho da participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
campanha de Dilma Rousseff à reeleição é objeto de divergências entre o
PT e o Palácio do Planalto. Disposta a construir sua própria imagem sem a
alcunha de "criatura", Dilma resiste a ter Lula como âncora da
campanha. Para a presidente, o padrinho político deve ser o complemento,
mas não o protagonista de sua corrida rumo ao segundo mandato.
A
cúpula do PT discorda dessa avaliação, mas "pisa em ovos" na relação
com a presidente. Reunidos, ontem, em Brasília, dirigentes da Executiva
Nacional do partido ouviram a apresentação de uma especialista em
pesquisas sobre o cenário eleitoral e saíram de lá com a convicção de
que Dilma deve colar cada vez mais sua imagem à de Lula.
Na
série histórica de pesquisas, um dado comparativo entre os "avalistas"
dos candidatos chamou a atenção. De todos os cabos eleitorais
analisados, Lula tem o maior poder de transferência de votos, de acordo
com os levantamentos que chegaram ao comitê da reeleição.
O
problema é que Dilma, embora com dois atos de campanha previstos com o
ex-presidente nesta semana, quer mais independência em relação ao
"criador" e tenta "vender" uma marca própria.
Em
conversas reservadas, dirigentes do partido dizem que Dilma tem receio
de ser ofuscada e, por isso, a participação de Lula está sendo "dosada"
pelo comitê da reeleição. O ex-presidente, porém, faz o que quer.